domingo, 4 de dezembro de 2011

"SALGUEIRO APRESENTA: O RIO NO CINEMA"



G.R.E.S. ACADÊMICOS DO SALGUEIRO
Samba-Enredo 2011

Salgueiro Apresenta: o Rio no Cinema

Dudu Botelho, Miudinho, Anderson Benson, Luiz Pião


Salgueiro
Apresenta o Rio no cinema
Já não há mais lugar pra nos ver na passarela
Cada um é um astro que entra em cena
No maior espetáculo da tela
A Cinelândia reencontrar
A luz se apaga acende a vida
Projeta sonhos na avenida
A "Terra em transe" mostrou visão singular
E o tesouro de Atlântida
Foi abraçado pelo mar
Onde está? Diz aí
Carlota Joaquina veio descobrir (bis)
Na busca o Bonde da Lapa Madame Satã
Pequena Notável requebra até de manhã

Em um simples instante
Orfeu vence as dores em som dissonante
E as cordas do seu violão
Silenciam para o amanhecer
Brilha o sol de um dia de verão
Salta aos olhos outra dimensão
Revoada risca o céu e faz
Amigos alados canto de paz
Maneiro deu a louca em Copacabana
Vi beijo do homem na mulher aranha
E o "Kng-kong" no relógio da Central
Meu Salgueiro o "Oscar" sempre é da Academia
Toca o "bip-bop" Furiosa Bateria
Aqui tudo acaba em carnaval

O cenário é perfeito
De braços abertos sobre a Guanabara (bis)
O filme mostrou maravilhosa chanchada
Sob a direção do Redentor

"SALGUEIRO APRESENTA: O RIO NO CINEMA"





"Noite de estreia. A agitação na porta do cinema revive os tempos de glamour da eterna Cinelândia. Uma multidão se aglomera para ver de perto os astros da superprodução salgueirense que entra em cartaz depois de um ano de filmagens. Todos prontos? Vai começar a sessão!

(E no apagar das luzes, surge na tela):





O cenário: Rio 40º. Uma mística terra em eterno transe tropical, paisagem perfeita para uma chanchada musicalmente mirabolante. Babilônia maravilhosa, de onde se avista a grande montanha que estampa as letras de uma monumental indústria de sonhos. Bem vindos à SAPUCAÍ Produções Cinematográficas, os estúdios onde brilham milhares de artistas no maior espetáculo da "tela".

Ação! Logo nas primeiras cenas, surgem imagens de um continente que há muito tempo teria afundado no mar da baía de Guanabara. Mito? Delírio? Alucinação? O que há por trás do sumiço da Atlântida carioca? O que revelariam os fotogramas perdidos? Relatos dão conta de um tesouro de valor incalculável escondido sob um mar de mistérios. Quem poderá encontrá-lo?

Começa, então, uma grande caçada ao ouro de Atlântida. Na Praça XV, entra em cena Carlota Joaquina, que prepara a expedição para retomar os caminhos da submersa Atlântida. Mas é obrigada a abortar a missão para voltar à Europa, em uma saída cinematográfica. A notícia, então, foi bater na Lapa. Da sua alcova, Satã não se faz de santa e convoca a malandragem para empunhar as navalhas em busca da tão falada riqueza. Será que vão conseguir?

Mais ao Sul da cidade, já se pode ouvir o chacoalhar dos ganzás e a batida do pandeiro que vem do Cassino da Urca. No palco, a Pequena Carmen Notável Miranda, acompanhada do seu Bando, ataca no melhor estilo Chica-Chica-Boom-Chic. E ao final da arrebatadora apresentação, sai à brasileira, em apoteose, sacudindo as tamancas noite afora, sem que ninguém perceba suas reais intenções de se juntar à caça ao tesouro.

Enquanto isso, na favela de tantos amores, Orfeu embarca no sonho de Atlântida, enquanto arranca do violão as notas de um samba clássico, embalando as belas cabrochas do morro. Castiga nas cordas, distraindo também a tropa em incursão pela comunidade. E o faroeste urbano, enfim, dá uma trégua pra ver a escola passar. Pedir pra sair? Naquela noite, não...

Muda a cena e o Rio amanhece cantando em mais um dia de verão. Na mais real dimensão, surge a fantasia que salta aos olhos. A invasão aérea que tinge os céus da Zona Sul à Zona Norte é traçada por uma turma pra lá de animada. Alô, amigos! Voando para o Rio, também atraídos pelas lendas do continente perdido, a passarada esperta solta suas feras e arrasta a asa pras araras nativas. Afinal, as aves que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá...

A notícia do tesouro escondido ao Sul do Equador não para de se espalhar. E deu a louca no cinema! Estrelas da sétima arte desembarcam por aqui e entram em irreversível processo de carioquização. Trocam o hot dog pela feijoada, o bip-bop pelo samba, desfilam pelo calçadão da fama de Copacabana... Uma confusão! Até o King Kong, vejam só, foi se pendurar na torre da Central do Brasil. O Homem Aranha se amarra no Beijo da Mulher Aranha, e com ela se prende numa teia conjugada na Zona Sul. A bela mocinha, que o vento levou, agora veste plumas e paetês e, quem diria, foi parar em Irajá! E a loirinha, que nunca foi santa? Virou rainha da escola. Gostou do samba e hoje vive muito bem.

E lá no infinito, quem um dia há de duvidar que o grande tesouro perdido de Atlântida era brilhar na avenida numa noite de carnaval? Isso tudo é verdade? Nada foi comprovado... Mas na memória, o que fica são as grandes histórias e a alegria de receber, enfim, o prêmio maior da Academia.

E como toda boa chanchada, tudo acaba em carnaval!"


Renato Lage, Márcia Lage e Diretoria Cultural


"Esta é uma obra de ficção. Mas qualquer semelhança com nomes, obras ou datas não terá sido mera coincidência..."

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