quinta-feira, 10 de novembro de 2011
RAÍZES DO SAMBA - ARY BARROSO
RAÍZES DO SAMBA - ARY BARROSO
Ary Barroso (2000)
2000
EMI Brasil
525276-2
Crítica
Cotação:
Um dos maiores compositores brasileiros, o mineiro de Ubá Ary Evangelista Barroso (1903-1964) foi também uma figuraça. Locutor esportivo, animador de programa de calouros, egocêntrico, ranzinza profissional, ele era capaz de criticar até o próprio desempenho como cantor, preciosidade registrada no LP Encontro com Ary, de 1955 (e não 1964 como foi anotado na minúscula ficha técnica) reproduzida em duas faixas desta coletânea. "Agora – vejam! – vou cantar Camisa Amarela", ironiza antes de mandar ao piano e voz trêmula um de seus clássicos. Repete o estratagema com Nem Ela, prefaciado por um discurso onde trata o disco como "um documentário" onde deixou "pensamento, alma e coração". Emenda com "minha saudação eterna", Aquarela do Brasil dedilhada no piano. O mesmo hino abre o disco na gravação original de Francisco Alves de 1939, com amplo arranjo orquestral de Radamés Gnattali, o maestro que vestiu o samba com roupa de câmara. Na colcha de retalhos (quase todos preciosos) da antologia há tanto o modernista Mario Reis (do amaxixado Vou à Penha ao sincopado Vamos Deixar de Intimidade) quanto os conservadores Candido Botelho (Brasil Moreno) e Moraes Neto (Isto Aqui o Que É, reciclada por João Gilberto). Da divina Elizeth Cardoso (No Rancho Fundo repleto de erres puxados) aos dissonantes 4 Ases e Um Coringa (Terra Seca, canção de protesto racial pioneira) e a dupla Carmem Miranda & Silvio Caldas naquele tipo de samba exaltação dialogado (Quando Eu Penso na Bahia) em que Ary (também) foi mestre. Só, ao violão, Dorival Caymmi apropria-se de Na Baixa do Sapateiro, faixa extraída de Ary Caymmi e Dorival Barroso, disco em que Ary toca Caymmi ao piano e o baiano canta as músicas do mineiro ao violão. O lado orquestrador e pianista (econômico, percussivo e/ou grandiloquente) de Ary salta de faixas como É Mentira, Oi, O Correio já Chegou, Foi Ela, Malandro Sofredor, Faceira, Falta de Consciência, do disco Meu Brasil Brasileiro, gravado por ele em 1958. Há ainda orquestrações mais antigas como Sem Ella/No Tabuleiro da Baiana, de 1939, num painel um tanto caótico que contracena bem com a personalidade vulcânica e brilhante do compositor. (Tárik de Souza)
Faixas
1 Aquarela do Brasil
(Ary Barroso)
2 É mentira, oi
(Ary Barroso)
3 O correio já chegou
(Ary Barroso)
4 Foi ela
(Ary Barroso)
5 Sem ela
(Ary Barroso)
No tabuleiro da baiana (Ary Barroso)
6 Malandro sofredor
(Ary Barroso)
7 Faceira
(Ary Barroso)
8 Falta de consciência
(Ary Barroso)
9 No rancho fundo
(Ary Barroso, Lamartine Babo)
10 Isto aqui o que é
(Ary Barroso)
11 Vou à Penha
(Ary Barroso)
12 Quando eu penso na Bahia
(Ary Barroso)
13 Rio de Janeiro
(Ary Barroso)
14 Vamos deixar de intimidade
(Ary Barroso)
15 Brasil moreno
(Ary Barroso, Luiz Peixoto)
16 Terra seca
(Ary Barroso)
17 Na Baixa do Sapateiro
(Ary Barroso)
18 Camisa amarela
(Ary Barroso)
19 Risque
(Ary Barroso)
20 Nem ela
(Ary Barroso)
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