quinta-feira, 10 de novembro de 2011

RAÍZES DO SAMBA - OS CINCO CRIOULOS


RAÍZES DO SAMBA - OS CINCO CRIOULOS
Nelson Sargento / Elton Medeiros / Mauro Duarte / Cinco Crioulos, Os (2000)
2000
EMI Brasil
525281-2
Crítica
Cotação:

Reunindo faixas dos três discos lançados pelos Cinco Crioulos pela Odeon em 1967, 68 e 69, a coletânea que a EMI põe agora no mercado é fundamental em qualquer discoteca de samba. Os cinco bambas acima de qualquer suspeita – Elton Medeiros, Jair do Cavaquinho, Mauro Duarte, Nelson Sargento, Anescar (Nescarzinho) do Salgueiro –, egressos dos conjuntos A Voz do Morro e Rosa de Ouro (grupo que nasceu do show de mesmo nome e que incluía Paulinho da Viola, substituído aqui sem prejuízo por Mauro Duarte), fizeram uma seleção de sambas (antigos e inéditos) que engloba diversas escolas e compositores. São cinco crioulos representando cinco escolas: Aprendizes de Lucas (Elton), Mangueira (Sargento), Portela (Jair), Império Serrano (Mauro) e Salgueiro (Anescar). As pérolas vão se sucedendo, passando por sambas-enredo (O Mundo Encantado de Monteiro Lobato, enredo da Mangueira campeã de 1967; e Chica da Silva, que deu ao Salgueiro o campeonato de 1963), Ary Barroso (Eu Nasci no Morro), Ataulfo Alves e Wilson Batista (Oh! Seu Oscar, lançado por Cyro Monteiro em 1940 e aqui interpretado por Jair) e até o mítico (controvérsias à parte) "primeiro samba gravado da história", Pelo Telefone (Donga/Mauro de Almeida), tendo Elton Medeiros como solista. E muito antes da moda, Anescar do Salgueiro já fazia em 69 uma "releitura" de Gargalhei, gravada originalmente por Carlos Galhardo trinta anos antes. Os arranjos são deliciosos e dão ao disco todo o clima de roda de samba bem cuidada e bem produzida, como em Fica Doido Varrido, Arrasta a Sandália, A Primeira Escola e Abre a Janela. Além da base regional impecável de violão, cavaquinho e percussão afinadíssima, flautas, saxofones e trombones dão o incremento diferencial, graças à maestria de Altamiro Carrilho, Abel Ferreira, Maestro Nelsinho e companhia (Só Vou Dizer, Em Cima da Hora, Lamentação). O encarte é pobre em informações, limitando-se ao nome das músicas e seus autores, mas a direção musical nos três discos do conjunto deveu-se ao maestro Lyrio Panicalli. Não por acaso, os dois primeiros discos do conjunto se chamaram Samba no Duro. Hoje os integrantes do grupo – defasado com as perdas de Anescar e Mauro – continuam em atividade. Seu Jair do Cavaquinho é uma das estrelas do último disco da Velha Guarda da Portela (Tudo Azul); Elton Medeiros continua compondo, se apresentando e escrevendo, e organiza para o próximo carnaval um rancho carnavalesco como nos velhos tempos; Nelson Sargento acaba de comemorar 76 anos com um show dedicado a Geraldo Pereira. Personalidades atuantes no mundo do samba, que há mais de trinta anos já diziam a que vinham. Imperdível.(Nana Vaz de Castro)
Faixas

1 O mundo encantado de Monteiro Lobato
(Darcy da Mangueira, Luiz, Batista da Mangueira)
2 Chica da Silva
(Anescar, Noel Rosa)
3 Fica doido varrido
(Frazão, Benedito Lacerda)
4 Oh! seu Oscar
(Ataulfo Alves, Wilson Batista)
5 Pelo telefone
(Mauro de Almeida, Donga)
6 Vai dizer a ela
(Marreta, Nelson Sargento)
7 Abre a janela
(Arlindo Marques Jr, Roberto Roberti)
8 Arrasta a sandália
(Oswaldo W. Vasques, Aurélio Gomes)
9 Bom conselho
(Edinho, Anescar)
10 Vaidosa
(Arthur Morais, Herivelto Martins)
11 Eu e o samba
(Jair do Cavaquinho)
12 Juro
(Milton de Oliveira, Haroldo Lobo)
13 Só vou dizer
(Nelson Sargento)
14 Gargalhei
(Augusto Garcez, Henrique de Almeida)
15 Em cima da hora
(Russo do Pandeiro, Walfrido Silva)
16 Lamentação
(Mauro Duarte)
17 Eu nasci no morro
(Ary Barroso)
18 Primeira escola
(Joel de Almeida, Pereira Mattos)
19 A lavadeira
(Herivelto Martins)
20 A sombra do Salgueiro
(Ivan Salvador, Anescar)

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